quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Meu


Hoje... Desejei a vida a dois.
Apenas eu e poucos pensamentos.
Nada de ordens, pedidos, conselhos,
Obrigações...
Hoje me revirei do avesso
E nada existia ali.
As vontades cessaram
Os sonhos estancaram
O desejo adormeceu... Profundamente.
Caminhar por muito tempo
De olhos fechados é perigoso
É correr o risco de não reconhecer os outros.
É correr o risco de não te reconhecerem.
Não há mais tempo para o medo
Não há mais tempo para dúvidas
Não há mais tempo para a respiração...
Aceitar-se não significa ser aceito
Ser aceito não significa aceitar-se.
Não há risco sem dano
Não há dano sem erros.


Aline Monteiro

domingo, 19 de dezembro de 2010

Sinais



Sinais de despedida sempre existirão
Mas não os veremos

Porque nunca serão bem-vindos

E aquela despedida aconteceu assim...

Com cara de visita no domingo

Que o tempo improvisou pra gente

Arranjando um lugar improvável

Em um momento totalmente inesperado...

Os olhos úmidos eram de adeus

O segurar das mãos sem querer acabar

Também se despedia...

Já não havia culpados.

E os que disseram adeus, ainda entristecidos

Permaneceram com algumas lembranças,

Com todas as saudades

E incrivelmente mais fortes...


Aline Monteiro

Para quem muito trabalhou e se sacrificou por amor quando a alegria sempre vinha de graça...







sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

A quem possa interessar



Sentir ódio é coisa grave
É mais trabalhoso do que amar
Por isso, cuidado!
Enquanto pensares em odiar alguém
Aquele que mais ama
Estará num canto largado
Mas se ainda assim
Preferires de mim o ódio
Espere sentado
Tenho muitos a quem amar...

 


Aline Monteiro

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Tormenta



Em tempos difíceis o coração esmorece, parece querer parar de bater...
Mas não choro...
A dor física é mais aceitável, mais definida, com data e hora certas de partida e o choro vem na explosão, incontrolável...
A dor de dentro, parece sufocar, prende à garganta, se não explodir naquele momento, outro dia ela virá incansavelmente mais forte, persistente, exigindo lágrimas. Vem devastadora, querendo doer muito mais do que antes...
E se inevitavelmente choro é porque primeiro acreditei na vitória. Se uma outra saída se mostra possível, me antecipo e guardo o choro pra mais tarde, pra bem mais tarde... Me responsabilizando pelas conseqüências... Assumindo os erros... Reparando os danos... Evitando déjavus...
O choro reprimido incontestavelmente virá com gosto de derrota, uma derrota adiada, mas sem resquícios de arrependimentos, de ânsia de tentar, de apostar todas as fichas, de esgotar todas as chances enquanto não se ouvir o sinal de Game Over.
O choro antecipado parece ter gosto de entrega, de desistência, de fracasso...
Insisto em adiar o choro porque o gosto de se entregar pode ser mil vezes mais amargo do que o choro imediato mesmo que o primeiro seja conseqüência da derrota.
As oportunidades são preciosas, mas às vezes exigem preparo, maturidade...
Não tenho certeza de muitas coisas, na verdade não tenho certeza de nada!
Mas às vezes é bom acreditar que tudo tem seu tempo e principalmente tem suas razões de acontecerem...


Aline Monteiro

“Um dia desses, eu separo um tempinho e ponho em dia todos os choros que não tenho tido tempo de chorar”

(Carlos Drummond de Andrade)


“Se puderes dançar pelo ar também as estrelas poderão te abraçar
não continue agarrada em tuas dores elas não sabem dançar”
(Marilina Ross)


Drummond também acumulava os choros e Marilina Ross de uma maneira simples colocava as dores em uma caixinha para que elas não a impedissem de dançar... Há momentos em que o riso é mais útil que uma lágrima e mesmo não sabendo dançar, posso ouvir uma canção alegre, revigorante que seduza, que me envolva, que me provoque... Prender-se a dores é correr o risco de que elas criem raízes e permaneçam para sempre em seu coração, fechando portas para outros sentimentos, outras emoções, alegrias e até mesmo novas dores... Que se erre o passo da dança, que não se perca tempo se lamentando por isso e que o tempo para o choro seja o mais breve possível... (Aline Monteiro)

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Folha


Encontrei teu nome
Guardado em uma folha solta.
Encontrei teu nome e sobrenome
Escritos repetidas vezes
Na folha solta.
A folha solta guardara teu nome,
Teus abraços, teus beijos,
Guardara tua voz,
Teu sorriso, o teu olhar.
A folha solta não estava mais perdida,
Não estava mais solta.
Estava em minhas mãos
Enquanto escrevia este poema
Ao lado do teu nome guardado.

Aline Monteiro

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Presente de aniversário



Na hora do desejo
A dúvida soprou aos ouvidos:
-Tens certeza?
Os segundos para o pedido me apressavam:
- Vai! Rápido!
E a crença ainda reforçava:
- Pede com o coração se não não acontece!
Então num pensamento veloz
Fechei os olhos bem apertados e pedi:
- Quero amor e poesia!
...e meu desejo se realizou:
Ganhei sapatos de salto alto!

Aline Monteiro


(Para Cris)




terça-feira, 21 de setembro de 2010

Destino



A poesia me chamava,
Gritava pelo meu nome
E não havia nada que eu pudesse fazer
A não ser escrever, descrever, reescrever,
Tudo o que via.
A lua se vestia da noite
Para que eu a iluminasse em versos.
A chuva caia absurdamente forte
Para molhar as ruas
Que queimavam ao entardecer.
O vento suave e silencioso
Não soprava à toa.
Todas as noites estrelas desnudas
Me engoliam na imensidão escura.
E era a minha alma que se entregava
Insana e livre.
Sem regras, sem redomas
Sem medo.

 
Aline Monteiro

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

AVISO



Perigo!
Coração exposto!
Cuidado onde pisa, toca, olha, respira...
Atenção!
Sentimentos confusos a solta.
Recompensa: beijos mornos
de quem incendiou à toa!

Aline Monteiro

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Deserto


Há quem diga que deserto é solidão.
A ausência do outro nos isola.
Mas não há pior solidão
Quando rodeados de gente
 Ainda assim, nos sentimos vazios.
E nesse deserto da minha solidão
Caminho por horas sem parar
O corpo reclama
A sede é tanta
Que não consigo diferenciar
O real do imaginário
Mas qual foi o meu pecado?
Sonhar?
Acreditar?
Talvez tenha sido Tentar...
Parece loucura querer tocar o Oasis,
Matar a sede com o vento,
Refrescar-se com a areia
Mas por alguns minutos
Senti a minha sede se esvaindo
Como a gota de chuva
Que se evapora com
O calor do sol...



Aline Monteiro

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Quando setembro chegar...




...me lembrarei de formas, luzes e cores
Desenharei traços finos e delicados
Remontarei imagens, fotos e lembranças
Nada será inventado, omitido ou distorcido
Tudo estará em seu devido lugar:
O azul no sol
O amarelo no céu
O verde nas nuvens e
O branco nas folhas...
...e só então caminharei por entre sonhos...

Aline Monteiro

sábado, 7 de agosto de 2010

Primeiro Passo



Andei imaginando o futuro
E ele está todo inventado
De novidades.
Tem luzes fluorescentes,
Cores laváveis e cintilantes.
Brilham o dia todo,
Iluminam até as lembranças
Mais distantes
Mas é tão pequeno
Que sempre esqueço
Onde guardei...


Aline Monteiro

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Poetas, Anjos e Salões de Beleza



Não sei como começar.
Não sei o que escrever.
Seria clichê demais
Começar um poema
Como todos os outros
Porque este e justamente este
É o poema dela.
E ela acredita nas minhas palavras
Soltas e livres, que insisto em
Prender em versos que
Por sua vez então presos
Em poemas.
E ela?
Insiste em libertá-los!
Talvez pelo medo de se
Prender em alguém
Por isso ela se prende a algo.
Algo como um texto seu
Escrito na adolescência,
Um filme em preto e branco
Visto por várias e várias vezes
Todas elas em êxtase!
Ou talvez a uma foto antiga
Que se apaga pouco a pouco
Com o tempo.
Ou ainda um bibelô
Coberto de poeira perdido
No quarto e esquecido
Em meio a tantas lembranças...
Suas lembranças...
Não as conheço. Nenhuma!
Mas sei que renascem
Da memória olfativa,
Invadem pensamentos,
Transportam a uma
Deliciosa nostalgia de infância
E vão embora...
Tão rápido quanto
Aquela chuva de verão
Ou o nascer ou o pôr-do-sol...
Mas rápido mesmo
É o tempo que falamos
Sobre a religião dos que
Ainda acreditam nela,
Sobre os pequenos
Príncipes que contam histórias,
Sobre os nossos heróis incomuns,
A complexidade do simples,
Sobre o temporal,
Sobre o pó de giz,
Sobre o nada...
Agora já sei como
Começar o poema.
Que tal do começo?
Mas creio que começar pelo
Começo é me aproximar do fim
Pois ainda a vejo
Como sempre foi.
E a certeza de que
Nada mudará isto
Me invade, me
Inunda uma gostosa
Sensação de felicidade
Porque eu sei que
Depois de TUDO
Ela ainda chegará
Como se nada tivesse
Acontecido...



Aline Monteiro

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Aqueles Versos



Sem intenção alguma
Rabisquei alguns versos
Tão escassos de novidade
Tão ausente de criatividade
Mas há neles muito
Do que quero dizer.


Tantos versos no mundo
Se assemelham a estes
Mas estes nasceram
Da minha dor...
Apenas estes...

Se olhas
São apenas versos
Se leres
Verás a minha vida...
Inteira.

 

Aline Monteiro

domingo, 25 de julho de 2010

Prisão


Acordei e não tive vontade de cantar...
Se soltares minhas mãos
Continuarei presa
À sensação de não poder fazer nada.
Não tenho muitas opções.
Onde está o botão reiniciar,
Jogar de novo?
As regras diziam
Que quem fica preso
É quem não sabe jogar,
É quem trapaceia.
Mas não é o que vejo
E não posso dizer nada...
Quem sempre vence
Não deveria vencer.
As regras do jogo mudam
E nada muda...


Aline Monteiro

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Pedra



Às vezes, canso das flores.
Será que perdi a sensibilidade?
Eu as olho e não as vejo!
E mais uma vez lhes dou as costas.
Reparo então, nas pedras.
Admiro suas formas
Disformes!
A simplicidade de serem o que são...
A liberdade de não ter que
Ser igual a nada!
O dever de ser apenas pedra!
Piso em pedras o dia inteiro, elas sobrevivem...
As flores sem água e sol morrem rápido demais...

Aline Monteiro

terça-feira, 29 de junho de 2010

Pó de Giz


Toca o sinal.
A sala em segundos se esvazia.
o silêncio enfim se deita sobre as mesas e cadeiras
Tristes e também vazias.

Enquanto isso, o pó de giz passeia
Vagarosamente pelo ar.
Inevitavelmente ele encontrará
O chão sujo e depredado.

Em pouco tempo o pó de giz
Irá se misturar à sujeira e
Perderá sua cor e leveza.

O dia se renova, ele sempre se reinventa.
E eu continuo a observar a mesma sala,
o memso vazio, a mesma tristeza...

Aline Monteiro

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Segredos



Entre todas as formas de se ver
Escolhi todas.
Sem pressa, quero te ler.
Demasiadamente devagar...
E se houver erros, que sejam conscientes,
Desprendidos de quaisquer desculpas,
De todas as culpas...
Não acredito em acertos,
Confio na minha vontade.
Nessa vontade estranha de te ver...
Detesto a ideia de recomeçar...
Que a ansiedade não ultrapasse etapas,
Que não planeje antes de tentar...
Detesto a palavra tentar,
Essa tragédia anunciada.
Que forma curiosa de gostar,
Um receio bizarro de te decepcionar,
Um medo que não me saibas ler...
E uma vontade louca
De me prender em ti...

Aline Monteiro

sábado, 29 de maio de 2010

7Vidas



Quero sentir minha solidão em paz,
Quero silêncio!
Ao ponto de ouvir minha respiração
E me encontrar em qualquer lugar que seja,
Em qualquer fantasia que insisti usar,
Que ousei vestir...
Às vezes, qualquer sopro de vento
muda a minha direção
E me deixa tão distante
de onde acreditei estar perto.
Quero silêncio...
Para descobrir qual a dor mais urgente
E talvez achar a cura.
As coisas que gosto ainda me tocam.
Me comovo com o vidro embaçado da chuva
Quase que consigo evitar a vontade
de desenhar no vidro.
Levanto a mão para apoiá-la contra o vidro,
Olho fixamente e apenas abro
Um pequeno espaço para ver a rua e os carros passando.
A minha decepção em pegar a chuva repentina
Não foi por me atrasar
Mas por não poder continuar me molhando...
Ainda penso em ir embora
Mas espero que alguém me peça pra ficar...
É tão pouco o que quero
Que dispensaria as flores.
Se entregar, às vezes, parece tão mais simples.
Quantas vidas ainda me restam?

Aline Monteiro

sábado, 24 de abril de 2010

Qui Je suis



Il y a quelqu'un qui dit
que je n'exite pas.
Par fois c'est vrais!

Parce que quand il explore
Mon fer, mon manganèse
Pour lui j'existe!

Quand il devaste
Ma bois, ma vegetation
Pour lui j'existe!

Quand il chasse
Mes oiseaux, mes poissons
Pour lui j'existe!

Mais quand je veux
Lui raconter mon histoire
Il ne m'écoute pas.

Quand je veux lui montrer
L'essence de mon âme
Il ne me voit pas.

Mais je sais que j'existe
Quand je sens la douce brise
Qui vient d'un rivière magique.

Je sais que j'existe
Quand jécoute les battues
d'anciens tambours...

je suis sûr que j'existe
Parce qu'un ce moment il y a
quelqu'un qui peut m'écouter ici!

Aline Monteiro

(para ver a tradução dos poemas em francês, clicar em "fantasias")