Apesar de tudo
Não consigo desejar
Nada absurdo ou ruim
A qualquer pessoa que seja
Muito pelo contrário
Gostaria que todos
Com suas histórias, casos,
Dramas e indecisões
Tivessem um final feliz.
Mesmo sem conhecê-los
Sem saber de suas particularidades
Sem entender suas maiores aspirações,
Seus medos, seus pecados.
Afinal do que me adiantaria sabê-los?
às vezes parece que somos castigados
por pensar no que é condenável
por outras glorificados
pelo pensamento mesquinho e medieval.
Há fatos que jamais serão entendidos.
E aquelas perguntas mais perturbadores
Começam a se instalar em sua rotina para lhe acompanhar
Pelo resto da vida porque jamais
Serão respondidas.
E novamente me encontro entre dois caminhos:
A racionalidade de Sócrates
E o realismo de Nietzsche.
E antes de decidir
Lembrei dos sonhos,
Dos longos caminhos,
Do poder que a luta tem
De movimentar qualquer coisa.
Quando venci
Os livros continuaram na estante
As gavetas permaneceram intactas...
E a folha de papel ficou em branco.
Mas hoje me peguei
Arrumando as mesmas gavetas,
lendo os mesmo livros
E no final das contas, me decidi a favor da luta
Desde que não atente contra à vida.
E naquela folha em branco
Escrevi este poema.
Inevitavelmente me perguntei
O que teria me levado à derrota
Talvez a fé que sempre
Me pareceu insuficiente, pequena
Ou quem sabe a sorte
Que parece me faltar
Quando mais preciso dela...
Se o que se sonha
Não depender apenas da própria vontade
Então é isso que eu desejo:
Sorte.
Para o desespero, para o desencontro
Para a dúvida, para a perda...
Muito boa sorte.
Aline Monteiro
“Recomeçar é doloroso. Faz-se necessário investigar novas verdades, adequar novos valores e conceitos. Não cabe reconstruir duas vezes a mesma vida numa única existência. Por isso me esquivo, deslizo por entre as chamas do pequeno fogo, porque elas queimam. E queimar também destrói”.
Caio Fernando Abreu
(Itinerário – Inventário do ir-remediável)