quinta-feira, 24 de março de 2011

Conclusão



Não.
Não era seu o meu amor.
E o meu de tão seu
Não me pertencia mais...


Aline Monteiro


“Como explicar para alguém e dizer de repente eu te amo para depois explicar que esse amor independia de qualquer solicitação, que lhe bastava amar, como uma coisa que só por ser sentida e formulada se completa e se cumpre? Pois se ninguém aceitaria ser objeto de amor sem exigências”.

Caio Fernando Abreu

(Amor – Inventário do ir-remediável)

terça-feira, 8 de março de 2011

Amor Platônico




Eu poderia te escrever mil poemas
Até que chegasse o dia
Em que te conheceria
Sem paredes
Sem vidros
Sem janelas
Até que minhas palavras
Todas se esgotassem.
Eu compreenderia a tua surpresa, o teu espanto.
Eu te entenderia se não acreditasses em nenhuma delas.
Eu te pediria perdão
Por não ter nada a dizer
Por acreditar que esse momento fora apenas um sonho.
Um sonho fora do meu domínio
Como minhas ações e gestos,
Minha respiração e
A palidez do meu rosto.
Estranhamente, te pediria que fosses embora
Para sempre!
E assim eu pudesse voltar a sonhar
O mesmo sonho, repetido em todas as noites
Em que cubro o teu corpo
Com todos os poemas que já te escrevi.


Aline Monteiro



Como esta noite findará
E o sol então rebrilhará
Estou pensando em você...
Onde estará o meu amor ?
Será que vela como eu ?
Será que chama como eu ?
Será que pergunta por mim ?
Onde estará o meu amor ?
Se a voz da noite responder
Onde estou eu, onde está você
Estamos cá dentro de nós
Sós...
Se a voz da noite silenciar
Raio de sol vai me levar
Raio de sol vai lhe trazer
Onde estará o meu amor ?
(Onde estará o meu amor – Chico César)

segunda-feira, 7 de março de 2011

Itinerário



Quando fores embora, amor
Saia em silêncio
Com passos leves, de anjo.
Segure o adeus,
Jamais bata a porta
Alardeando, assim, tua saída.
Saia e me deixe dormir
Até tarde,
Até o pôr-do-sol trazer a noite
E esta a madrugada.
Lá onde o sonho vive,
A vida arde,
Onde o desejo incendeia
O vazio do teu lugar
Onde nada cresceu,
Nada ficou...

 

Aline Monteiro

"Quando partiu, levava as mãos no bolso, a cabeça erguida. Não olhava para trás, porque olhar para trás era uma maneira de ficar num pedaço qualquer para partir incompleto, ficado em meio para trás. Não olhava, pois, e pois ficava. Completo partiu."
Caio Fernando Abreu (O rato - Inventário do ir-remediável)