segunda-feira, 7 de março de 2011

Itinerário



Quando fores embora, amor
Saia em silêncio
Com passos leves, de anjo.
Segure o adeus,
Jamais bata a porta
Alardeando, assim, tua saída.
Saia e me deixe dormir
Até tarde,
Até o pôr-do-sol trazer a noite
E esta a madrugada.
Lá onde o sonho vive,
A vida arde,
Onde o desejo incendeia
O vazio do teu lugar
Onde nada cresceu,
Nada ficou...

 

Aline Monteiro

"Quando partiu, levava as mãos no bolso, a cabeça erguida. Não olhava para trás, porque olhar para trás era uma maneira de ficar num pedaço qualquer para partir incompleto, ficado em meio para trás. Não olhava, pois, e pois ficava. Completo partiu."
Caio Fernando Abreu (O rato - Inventário do ir-remediável)

4 comentários:

Unknown disse...

AS vezes me pergunto, como o poeta consegue ser tão fingidor, e ao mesmo tempo passar tanta verdade...

Aline Monteiro disse...

Pergunta capciosa... Mas vamos começar pelo começo... O poema do Fernando Pessoa, AUTOPSICOGRAFIA, como tantos outros poemas não só desse autor mas tantos outros inclusive eu estão sujeitos a inúmeras arrisco até dizer infinitas interpretações por se tratarem de textos literários e como tais cumprem sua função de se completarem a partir da leitura que cada indivíduo produz. Se você ao ler AUTOPSICOGRAFIA inferiu que o poeta é fingidor mesmo passando verdades, então nossas idéias se divergem nesse ponto porque eu entendo que o poeta é fingidor não por fingir algo que ele não sentiu mas por maquiar, ou acentuar um sofrimento com intuito de que outras pessoas se sensibilizem ou se identifiquem com tal sofrimento. Discorrendo sobre esse poema me vem a pergunta: qual seria o papel do poeta? Descrever sentimentos? Inventar histórias? Contar paixões? A questão é : independentemente do que o poeta queira dizer, acredito que precisamos ir muito além da decodificação das palavras alinhadas em versos e estrofes. O texto literário suplica pela nossa leitura individual, certamente haverá algo na vida de cada um que possa servir como ponto de intertextualidade com ele. É assim que construímos nossa própria leitura e o que é mais interessante ainda é poder compartilhar idéias diferentes sobre um único poema. Pergunta nº 2, o poeta é um fingidor? Sim!!!!

Cris Barros disse...

\0/\0/\0/
valeram as aulas de literatura com a Reginara...
me orgulho de vc garota!
E aposto que esse poema é pra mim com o André.... aposto!
srsrsr

Aline Monteiro disse...

parece q sim, amiga! srrss