quarta-feira, 27 de julho de 2011

Procura-se



Não sou o que falam.
Isso que desenharam sem ver.
Estou guardada,
Trancada a sete palavras,
A oito segredos.
Não sou fraca.
É que hoje
Eu me sinto frágil
Procurando
Sem rumo
Quem me saiba ler...

                                                    Aline Monteiro

“Se meu olhar não te desvenda é porque você não me vê mais fundo, mas você não pode ver mais fundo porque o meu fundo está cheio de musgo, porque o meu fundo é verde como um muro antigo, roído como mármore de cemitério, denso como uma floresta onde eu ando lento, as árvores barrando meus passos e a transparência dos seus olhos barrando os meus.”
Caio Fernando Abreu
(A chave e a porta – Inventário do ir-remediável)



segunda-feira, 25 de julho de 2011

Sobre o que não sei



Manso é o teu andar,
Teu modo de chegar...
Beleza, tua imagem
Concentrado a arrumar
Fio a fio do teu cabelo.
Presença tão marcante
Agora silenciosa...
Não é apenas falta
D o que me queixo
O que sinto vai além
De margens e fronteiras
Vai além desse infinito
Das ruas
É o que não sei dizer
É o que não quero dizer
Nesse momento
Em que nos transformamos:
Tu viraste encantamento
Eu virei saudade.

                                                                         Aline Monteiro

 “veja o sol dessa manhã tão cinza
A tempestade que chega é da cor
Dos teus olhos castanhos.
Então me abraça forte
Me diz mais uma vez que já estamos
Distantes de tudo...”
(Tempo Perdido – Legião Urbana)

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Avesso



Me atrevo esquecer
O que por ora me aflige
Esconder o medo
Do que não sei de cor,
Fugir das minúcias
Que lembram teus gestos
Dilacerantes,
Inesquecíveis...
Me tirar a vida
Olhar para dentro
Fundo vazio
Das tardes sem fim,
Poesia-aprendiz
Do que li, vi,
Senti...
O que eu era antes do verso?

                                                                      Aline Monteiro


“Novos horizontes
Se não for isso, o que será?
Quem constrói a ponte
Não conhece o lado de lá
Quero explodir as grades
E voar
Não tenho pra onde ir
Mas não quero ficar
Suspender a queda livre
Libertar
O que não tem fim sempre acaba assim”

(Novos horizontes – Engenheiros do Hawaii)

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Cris


Loucura por loucura
Eu prefiro as tuas!
Me fazendo rir na hora errada
E chorar na hora certa
Só na hora certa.
Minha vida é escrever.
Minha poesia pra ti
Não é novidade
Mas tu sempre a lê
Como capítulo final de novela
Avant-première no cinema
Ai de quem falar mal:
“Leãozinho” defendendo
O que é seu.
Quando escrevo, às vezes,
Nem sei se falo de mim
Ou de ti
Mas para que não haja dúvida
Que eu fale de nós, então:
Cumplicidade, amizade, parceria,
Divã, consultoria poética, ajudante
De festa infantil, cozinha, mesa...
Artista e platéia, (tu és a artista)
Música e cantor,
Texto e leitor,
Poeta e poesia,
Voz e violão,
Feijão e arroz,
Filme e pipoca,
Katchup e maionese,
Carol e Paulinha,
Vinho e MPB,
Bolo de caixa e risoto...
Eu e Cris
Cris e eu...
“Opostos, por vezes, trocados de lugar”
Que se confundem
Mas que acima de tudo
Que se completam...

Preta,
Em teu ano par te desejo amor e poesia,que tua linha de chegada esteja pertinho, que tu passes por ela, cante, dance, ria, volte e passe novamente... Até enjoar... Te amo! FELIZ ANIVERSÁRIO!
Obs.: Já fazes parte da família há muito tempo mesmo sem ter casado com nenhum primo meu... Ainda! Negociações abertas, eu sempre saio perdendo, mas tudo bem! Srrs
                                                          Tua amiga, tua fã!
                                                                              Aline 
“Ela vai voltar, vai chegar
E se demorar, i'll wait for you
Ela vem, e ninguém mais bela
Baby, i wanna be yours tonight...
Sem botão, no tempo
No topo, no chão
Em cada escada
A caminhada
A pé
De caminhão...
Seu horário nunca é cedo
Aonde estou?
E quando escondo
A minha olheira
É pra colher amor...
Sala, sem ela, tem janela
Inclino em cerca de atenção
Ela vem, e ninguém
Mas ela vem
Em minha direção
Sala, sem ela tem
Janela inclino
Em cerca de atenção
Ela vem, e ninguém
Mais bela vem
Em minha direção”

(Na Estrada – Marisa Monte, Carlinhos Brown e Nando Reis)

sábado, 16 de julho de 2011

Vidasolidão



Um cordel...
Apenas um cordel, amor
de quadra ligeira
Passageira feito chuva no sertão
que arranque esse vazio
que me deixou a solidão...
de mais uma partida
de quem arrisca sem medo
 se desplantar desse chão...
imaginando asas
pra bicho à quem Deus
deu apenas  vida...
sextilha improvisada, amor
Que dê sossego à solidão
Que a banhe num açude
De água escassa
Que a seque ao sol latente
Do meio-dia
À sombra imaginária
Da tua silhueta...
O que me mata de sede
É a ausência da tua saliva,
das lágrimas que derramaste
De saudade do teu cariri...
O que me mata de fome
É a falta do teu corpo
Escrevendo história
Pra quem carrega o dom
De enxergar beleza
camuflada aos olhos de quem
só sabe enxergar tristeza...
Septilha e oitava incomuns
Festejando teu regresso...
Um cordel
Apenas um cordel, amor...

                                              Aline Monteiro

Só eu sei teu nome mais secreto
Só eu penetro em tua noite escura 
Cavo e extraio estrelas nuas
De tuas constelações cruas
Abre-te Sésamo! - brado ladrão de Bagdá
Só meu sangue sabe tua seiva e senha
E irriga as margens cegas


De tuas elétricas ribeiras,
Sendas de tuas grutas ignotas
Não sei, não sei mais nada
Só eu sei que canto de sede dos teu lábios
Não sei, não sei mais nada


(Teu nome mais secreto - Waly Salomão)

sábado, 2 de julho de 2011

Outono



Chuva de folhas
Não há frio nem calor
Só nostalgia

                                      Aline Monteiro

"Sinto o abraço do tempo apertar
E redesenhar minhas escolhas.
Me vejo com seus olhos, tempo
Espero pelas novas folhas...
Conheço o tempo em seus disfarces,
Em seus círculos de hora
Se arrastando feito meses
Se o meu amor demora."

Adriana Calcanhotto


Amor cafona


O meu amor me pediu um poema 
Mas ando tão sem criatividade
Mais fácil seria criar asas
E buscar-lhe uma estrela de mimo
Ou talvez a flor mais rara
A joia mais cara...
Mas não os faço porque
São versos o que ele quer
Os meus versos
Imperfeitos, inexatos, inapropriados,
Independentes, inexperientes
Versos meus, os meus versos.
Será que entenderia se eu explicasse
Que qualquer bijuteria seria melhor
Que meia dúzia desses versos?
Começo, então, a imaginar desculpa
Que juro, não será esfarrapada!
Será sincera
Assim como sorriso de bebê.
Aceitável como beijo de irmão...
E a desculpa minha será:
- Amor, se eu ler um poema de
Vinícius ou Florbela
Tu me perdoas?

                                         Aline Monteiro

Para o meu Amor Cafona Thiago Soeiro, o Tisso.

"Eu dava um cavalo branco para ele, uma espada, dava um castelo e bruxas para ele matar, dava todas essas coisas e mais as que ele pedisse, fazia com a areia, com o sal, com as folhas dos coqueiros, com as cascas dos cocos, até com a minha carne eu construía uma cavalo branco para aquele príncipe."
Caio Fernando Abreu
(O mar mais longe que eu vejo - Inventário do ir-remediável)