domingo, 6 de dezembro de 2009

Cartas ao Chão



Abri o livro que encurta a memória

Um livro sem capa e contracapa.
O amanhã que desenho a lápis

Logo me encarrego de apagar

Com as próprias mãos, é verdade

Mas se não sou eu

Quem o faria?

Se eu não lembrar o que fiz

Sei que ninguém lembrará.

Não sou a forma a me adaptar ao meio

Eu me moldo às formas que aprendi

Que vi e repeti.

Sou o contorno a me repelir do inimigo

A me esquivar do perigo.

E me entrego às minhas próprias armadilhas...

Penso uma vez, penso outra vez e me atiro

Sem que nada me prenda.

Não vejo coragem em dizer não

Vejo sobrevivência!

Se alguns poucos param

E me lêem

Talvez ninguém entenda!

Deixo passar porque

Nem sempre tenho um plano B.

Nem sempre há o que dizer...

Nem sempre tudo vale à pena!

E tudo se volta ao sonho louco

De viver o que já passou

De viver o que ainda não existe!



Aline Monteiro


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