terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Descompasso



Não sou tua.
Jamais serei tua.
Não me vejo em teus sonhos.
Em teus planos não há o meu nome.
Sinto as batidas do teu coração
Em descompaso com o meu.
É pedir demais querer viver do teu calor?
Teu olhar continua familiar
Tua boca, tuas mãos
Nariz, barriga, peito
Tua voz, tua risada
Teu andar, teu jeito...
O destino me arrancou de ti
Enquanto te esperava
Saíste por outra porta
Silenciosamente
Então, só meus olhos disseram adeus
Um adeus sem resposta, sem eco.
E os teus se despediam de tudo,
Menos de mim.
O meu amor ficou preso na garganta
Paralisado, conferindo teus passos
De longe...
Se é loucura te esperar?
Não sei...
Mas se os ventos amanhã
Soprarem em tua direção
Eu te esperarei.


Aline Monteiro

domingo, 2 de janeiro de 2011

Valei-me



Eu me pergunto se irei levantar amanhã...
A prece é pela vida
Tão curta, veloz, absurda.
Quem me dá a mão
Pode não ser o amigo,
Pode não ser o irmão
Às vezes coração não tem cara
Ajuda e cala, somente
E a face tão familiar, se desmonta,
Evapora antes que o fogo arda.
Quem merece a minha gratidão?
Olho para trás
As respostas se confundem
E quanto a mim?
Será que ainda mereço
O sol das tardes sem fim?
Como pode um segundo fazer a diferença?
Os fogos de artifício estão sobre a gente
Separando passado e presente.
E a minha prece é pela vida...


Aline Monteiro