terça-feira, 30 de junho de 2009

Declaração de amor


O meu amor está guardado
No fundo de uma gaveta
Numa página de caderno
Num poema sem rimas
Em linhas paralelas
Frases quebradas
Palavras mudas
Em reticências...

O meu amor voa livre
Nas paradas de ônibus
Nas ruas escuras
Nos quarteirões vazios
Na cidade surda.

Invade a noite
Para nada me dizer
A cantar
Uma canção antiga
Que há tempos não ouvia

Sem rosto
Esconde-se nas manhãs
De todos os dias

O meu amor não sabe...
Mas vive em mim
Em todas as partes
Lugares e esquinas

O meu amor estará guardado
Nas páginas em branco
Em poemas de amor
Que ainda vou escrever...

Aline Monteiro

terça-feira, 23 de junho de 2009

Eu te encontrei

...e nos encontramos em um labirinto de palavras.
Eu te desenhei em meus versos.
Eu me vi em teus olhos.

Como é doce o sabor do encontro
Assim tão inesperado
Quando de mim estavas tão longe.

Eu te contava o trivial,
Histórias de um coração cansado
Cansado de tanto esperar.

Enfim, saíste dos meus sonhos
Agora posso te ver, sentir, tocar...
Será que agora posso te amar?

Mas acredito ser
Tarde demais pra perguntar
Se há tempos que te amo.

É fato, amor. Não é mais sonho!
E direi a todos que duvidam
De que nosso encontro, amor
Não é mais sonho!

Aline Monteiro


quinta-feira, 11 de junho de 2009

eu



eu (assim mesmo com letra minúscula) sou alguém que sonha, talvez alto demais, por outras
vezes com os pés colados ao chão...porém jamais alguém tão pobre de espírito me impedirá de sonhar!
Sonhar meus sonhos impossíveis, os mais calados, os mais escondidos, os mais secretos...
Sonhar também meus sonhos corriqueiros, meus sonhos pequenos
Que vou realizar aos poucos bem devagarzinho, sem pressa
Que é pra ter o gostinho de viver um por um
Ter o pequeno prazer de vê-los se materializarem, diante dos meus olhos
Não me aprece não! Que meu tempo corre assim... Quase parando... Parado
Talvez o maior pecado do mundo seja esse: esse de destruir sonhos
Ou impedir que eles se realizem, pela má vontade, pelo egoísmo, pela inveja
Mas acredito que o maior obstáculo seja essa coisa que segura nossa mão, que puxa nosso braço,
essa palavra pequena e tão pesada, que me cala a voz nesse momento
Porém a cada pedra chutada, e atirada em quem ousar me atingir, a quem ousar me parar
Juro vencer esse medo a cada sonho realizado!

(Aline Monteiro)

Em tuas mãos



Não, espere!
Não me fale sobre regimes,
Convenções
Eles me tiram qualquer vontade de viver!
Diga-me algo novo
Algo que desconheço
Conte-me uma mentira
Mas bem inventada
Não para acreditar
Mas para dar boas risadas
D o que se costuma inventar sobre a vida
Sobre nossa suposta importância
Esqueça as flores,
Solte esse copo
Alguém precisa
Da tua mão...
Livre, limpa...

Aline Monteiro